Vitor, Leticia e Beto, o trio Revista do Samba


 


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 Bixiga, Vai-Vai e Teatro Oficina juntos em CD

[ 21.jul ] Formado em 1999, uma criança ainda, o trio Revista do Samba surgiu em São Paulo com a intenção de mostrar como ainda estão vivos os sambas de outrora. Mas se engana quem pensa que Beto Bianchi (voz e violão), Letícia Coura (voz e cavaquinho) e Vítor da Trindade (percussão e voz) são passadistas. Com dois discos na bagagem, Revista do Samba (Rob Digital, 2003 – lançado originalmente na Europa em 2002) e Outras bossas (Traumton Records, 2005 - ainda inédito no Brasil), o trio resolveu homenagear o bairro do Bixiga, tradicional reduto de bambas paulistanos, em seu terceiro CD, Bixiga Oficina (Cachuera!/Atração Fonográfica, 2006). Porém, o disco vai além dos tradicionais sambas de Adoniran Barbosa, Geraldo Filme, Paulo Vanzolini e de compositores da Escola de Samba Vai-Vai ao misturar tudo com canções provenientes do Teatro Oficina, que reside há quase cinqüenta anos no bairro sob a liderança do diretor, dramaturgo e ator Zé Celso Martinez Corrêa.

O repertório do disco, que se estende por 22 faixas, surpreende a todo tempo. Clássicos de Adoniran Barbosa (“Um samba no Bixiga” e “Samba italiano”), Paulo Vanzolini (“Praça Clóvis”) e Geraldo Filme (“Vai no Bixiga pra ver” e “Vá cuidar de sua vida”) ganharam novos e divertidos arranjos. Da ala de compositores da Vai-Vai foram pinçadas pérolas de Henricão (“Deu cupim” e “Já é madrugada”), Oswaldinho da Cuíca (“Frigideira” e “Hino da Velha Guarda”), Fernando Penteado (“Chão do Bixiga”) e Seu Maninho da Cuíca (“Dona Encrenca” e “Será que eu estou invisível”, que homenageia em seu arranjo outro importante folião da escola de samba, Itamar Assumpção). Por último, o Teatro Oficina oferece ao trio canções feitas especialmente para suas trilhas, como é o caso das assinadas por Zé Miguel Wisnik (“Inverno (Anhangabaú da felicidade)”) e Zé Celso Martinez Corrêa (“Meu cavalo tá pesado”, “Nada” e “O amor é filho do tempo”, esta última em parceria com Péricles Cavalcanti, Nelson de Sá e Marcelo Drummond), e outras já existentes que foram incorporadas no dia-a-dia do teatro como as do pernambucano Edgar Ferreira (“Para ver a luz do sol” e “Eu sou assim”). Apesar de tantos nomes e tantas músicas o disco flui como um bom romance ou, no caso, como uma boa peça de teatro. Afinal, as histórias do bairro são muitas e diversas em humores e ritmos.

Tamanha empreitada poderia ficar sob a responsabilidade do competente trio Revista do Samba, afinal todos cantam e tocam, mas essa não é a idéia. Bixiga Oficina é trabalho coletivo, é festa, que conta com a participação de figuras como Oswaldinho da Cuíca, Thobias da Vai-Vai, Adriana Capparelli, Bocato, Raquel Trindade, Carlos Caçapava, Karina Buhr, Celso Sim, Seu Maninho da Cuíca, Mariana de Moraes, Camila Mota, Sylvia Prado, Marcelo Pellegrini, Otávio Ortega e, claro, Zé Celso Martinez Corrêa, além dos coros Oficina e Bixigão, este último formado a partir de um projeto social e cultural com crianças e jovens do bairro. Festa que de tão tipicamente paulistana transcende barreiras geográficas, Bixiga Oficina chega para garantir seu lugar entre os melhores lançamentos do ano.

 

r e v i s t a  bixiga oficina  do samba

lançamento do cd

O r e v i s t a  do samba  apresentou na noite de 22 de abril de 2006, o show de lançamento do cd  revista bixiga oficina do samba.  O cd, terceiro na carreira do trio, é o resultado de um projeto especial do grupo, que reúne em seu repertório sambas ligados ao bairro do Bixiga, de compositores já tradicionais do samba paulista como Adoniran Barbosa e Paulo Vanzolini, de integrantes da ala de compositores da Escola de Samba Vai Vai como Fernando Penteado, Geraldo Filme e Osvaldinho da Cuíca, até compositores que criaram canções para peças do Teatro Oficina, há quase cinqüenta anos no bairro, como Zé Miguel Wisnik, Péricles Cavalcanti, o pernambucano Edgar Ferreira e Zé Celso Martinez Corrêa, diretor do teatro.  

O show de lançamento foi uma grande celebração do samba no bairro do Bixiga, unindo o pavilhão da Escola de Samba Vai Vai, músicos ligados à escola e ao bairro, integrantes do Teatro Oficina Uzyna Uzona e do Movimento Bixigão.  Com direção de Marcelo Drummond, figurinos de Olintho Malaquias, e desenho de luz de Ricardo Moranez., contou com a participação de convidados que estão presentes no cd, como o Teatro Popular Solano Trindade, nas presenças de Raquel Trindade, seu Maninho da Cuíca e o Naipe de Percussão Solano Trindade, crianças e jovens do Movimento Bixigão, os cantores Thobias da Vai Vai, Karina Buhr, Mariana de Moraes, Camila Mota e Adriana Capparelli, o músico e grande pesquisador, 1º. Cidadão Samba Paulistano, Osvaldinho da Cuíca, além de Zé Celso e músicos e atores do teatro Oficina.

 

 

Este é um projeto especial do grupo, que reúne em seu repertório sambas ligados ao bairro do Bixiga, de compositores já tradicionais do samba paulista como Adoniran Barbosa e Paulo Vanzolini, de integrantes da ala de compositores da Escola de Samba Vai Vai como Fernando Penteado e Osvaldinho da Cuíca, até compositores que criaram canções para peças do Teatro Oficina, há quase cinqüenta anos no bairro, como Zé Miguel Wisnik, Péricles Cavalcanti, o paraibano Edgar Ferreira e Zé Celso Martinez Corrêa, diretor do teatro.

 O cd  revista bixiga oficina do samba

 Este cd é resultado do encontro do trio r e v i s t a do samba com o Teatro Oficina, o Movimento Bixigão e a Escola de Samba Vai Vai, tendo como tema, ponto de interseção e localização o bairro do Bixiga. 

“Berço sagrado do samba paulista”, o Bixiga, ocupado originariamente por negros quilombolas, em seguida por imigrantes italianos e hoje por nordestinos de vários estados brasileiros, pode ser visto como um microcosmo de nossa cultura brasileira miscigenada.  Seja nas peças do Teatro Oficina, na sua invenção de um novo musical brasileiro e luta pelo Teatro de Estádio, nos ensaios da Escola de Samba Vai Vai, ou na boemia vivida no bairro em suas cantinas, bares e casas noturnas, o Bixiga representa uma forma de vida, encontro e criação nas ruas, ao ar livre, utopia para uma vida urbana paulistana dominada por forte segregação social e mercadológica, e vivida entre arranha-céus, shopping-centers e minhocões.

O projeto

O lançamento do primeiro cd do trio r e v i s t a do samba no Teatro Oficina em 2003, e a aproximação deste e do teatro com a Escola de Samba Vai Vai, que culminou com a formação da Ala Teatro Oficina para o desfile do carnaval de 2004,  foram a semente do que seria o projeto r e v i s t a bixiga oficina do samba. A experiência d´Os Sertões, épico do Teatro Oficina que entre outras criações gerou o Movimento Bixigão, nascido em 2002 incluindo crianças e adolescentes do bairro na montagem dos espetáculos, definiu o caminho do projeto:  passar às novas gerações a cultura criada e vivida ali, e fazê-la viva hoje, recriando-a,  tendo o samba como sua maior expressão.

O projeto, patrocinado pela Petrobras, desenvolveu-se durante todo o ano de 2005 e início de 2006. Neste período realizamos uma pesquisa de repertório pelo samba do Bixiga, e demos seqüência e ampliamos o Movimento Bixigão, com a realização de oficinas de canto, percussão, cordas e piano, além das já existentes de capoeira, teat(r)o e circo.

Através da memória de moradores e freqüentadores do bairro, arquivos e discografias pessoais, a partir de informações obtidas no Museu do Bixiga, na Escola de Samba Vai Vai e junto ao Teatro Oficina, fomos descobrindo o Samba do Bixiga. O repertório descoberto foi então cantado e tocado nas oficinas do Bixigão e naturalmente selecionado.

O repertório

Entre as mais de sessenta composições pré-selecionadas escolhemos 22 que propiciam um passeio por sambas ligados ao Bixiga. Estão presentes desde canções de compositores que nasceram no bairro, como o violonista Antônio Rago e o zoólogo Paulo Vanzolini, e de um que não nasceu nem morou mas que hoje é nome de rua, tradutor e criador do espírito do Bixiga da imigração italiana, Adoniran Barbosa; de sambistas ligados à Vai Vai como Henricão, autor do primeiro samba para o cordão Vai Vai (antes de se tornar escola); Geraldo Filme, compositor de sambas-enredo para a escola e do que se transformou no Hino da Vai Vai, Vai no Bixiga pra ver; Osvaldinho da Cuíca, músico pesquisador do samba paulista, autor do Hino da Velha Guarda; Seu Maninho da Cuíca, ritmista da escola e hoje integrante do Teatro Popular Solano Trindade, no Embu das Artes; até Fernando Penteado, presidente da ala dos compositores da Escola de Samba Vai Vai, ele mesmo neto de Fredericão, um dos fundadores da escola. 

Entre as canções compostas para as diversas peças montadas pelo Oficina ao longo de seu meio século de teatro no bairro, foram selecionados sambas de compositores que, em diferentes épocas, firmaram parcerias sólidas com o teatro, como Zé Miguel Wisnik (desde a montagem de As Boas, de Jean Genet em 1991), Péricles Cavalcanti (parceiro desde a criação de Ham-Let em 1993), Edgar Ferreira (autor de canções para O Rei da Vela de Oswald de Andrade e presença marcante no Oficina com o Forró do Avanço na década de 80) e do próprio Zé Celso, fundador e diretor do teatro.

A gravação

r e v i s t a bixiga oficina do samba reuniu então para a gravação do cd o trio r e v i s t a do samba e seus convidados, músicos e intérpretes ligados ao bairro, à Escola de Samba Vai Vai, ao Teatro Oficina, crianças e adolescentes do Movimento Bixigão, e integrantes do Teatro Popular Solano Trindade. É assim que podemos ouvir Thobias da Vai Vai, puxador de samba da escola interpretando A Voz dos Morros, samba composto para a peça Os Sertões – O Homem II, do Teatro Oficina; Zé Celso cantando Já é madrugada de Henricão; o coro de atores do Teatro Oficina cantando Meu cavalo tá pesado, samba de abertura da primeira das cinco partes de Os Sertões, A Terra, cantado para receber o público; o próprio Osvaldinho da Cuíca tocando frigideira em samba de sua autoria interpretado por cantoras atrizes do teatro; crianças e adolescentes do Movimento Bixigão cantando e tocando Inverno, samba de Zé Miguel Wisnik composto para o Oficina e cantado na abertura de Mistérios Gozozos de Oswald de Andrade, e dois sambas de Geraldo Filme; Seu Maninho da Cuíca cantando seu samba acompanhado por coro de cantores ligados ao Oficina; e ainda quatro gerações da família Trindade interpretando o samba da Vai Vai para o Carnaval de 1976, com o enredo Solano Trindade – O Moleque do Recife

Neste processo contamos com o auxílio luxuoso da Associação Cultural Cachuera!, que logo se tornou parceira deste encontro entre tradição e criação.

Este é um dos possíveis panoramas do Samba do Bixiga.  Pra se ouvir e cantar junto, pra dar vontade de conhecer e passear pelo bairro, freqüentar os ensaios da Vai Vai, os espetáculos do Oficina, e principalmente despertar a curiosidade para o que é feito e vivido ali. E descobrir novos compositores e músicos que não couberam nestes 70 minutos de samba.  ZIRIGUIDUM!!!!!!